sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

 Aborto

Era apenas um aborto, comum como mais um outro, que se dava lá pela décima quarta vez, tal qual ela sempre praticava à noite, em seu banheiro. 
Só que numa noite de sexta-feira aquilo tudo mudou.
Ela abriu a gaveta do criado mudo como de costume e tirou os apetrechos necessários, pegou o pano limpo e saiu para o banheiro.
Naquela sexta-feira ela descobriu o preço do aborto, e seu deu quando ela penetrou os coprimidos e viu seu corpo definhar junto ao feto que saia despedaçado do seu ventre.
O pano limpo já não era mais limpo, este agora estava ensopado de sangue, até que ela ouvio, ao longe, a voz de sua mãe, que no quarto  brigava em meio tom com seu pai dizendo:
"-Eu nunca a quis, mas você não me permitiu fazer aborto."
Depois dalí ela abraçou o feto morto que fazia pequeno volume no pano e lá, chorando, sangrou arrependida até a morte.

Carolline P.F. Santos

4 comentários:

  1. Nem todos tem sorte nesta vida... Nem ela, nem o bebê que por suas mãos ela tirou.
    Trágica vida, singela morte.

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  2. Trágica vida, singela morte. [2]

    Você escreve muito bem! Gostei deveras. x]

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  3. Muito interessante. Morreu quando soube que a mãe queria abortá-la e logo depois de ter abortado uma criança. Muito bem pensado.

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