terça-feira, 18 de junho de 2013


Mundana

Ela é o retrato da infâmia
Possui boca profana
Que duvida e não se espanta 
Com a mediocridade de ninguém

Ela tem um só sapato para seus dois pés
Anda puída
Atrevida 
E injuriada
Corre sem rumo
Pega qualquer estrada
Desnorteada, ela estava embriagada... 
De solidão.

E seu amargor era imundo
Enraizado e tão profundo 
Que acreditou não ter mais coração.

Então ela foi num mandingueiro
Fez pacto com o não justiceiro 
E debandou-se pelo mundo. 

Desacreditou-se da vida
Levou o tempo a abrir suas feridas 
E rasgar-se em seu bordão:
"-Eu sou Deus! Eu sou Deus!"
Dizia ela prepotente
Para toda situação.

Até chegar aquele dia
Que ela tanto pedia
Mas da vida só ouvia "não". 

Ela encontrou o seu adeus no bar
Bem na hora que ia ao banheiro acabar 
Com toda aquela sofreguidão. 

Nos restos de vidro o sangue escorria
No corpo imundo o sangue descia 
E ela parada apenas sorria 
Ao pensar no camburão.

Mas algo estranho aconteceu
Uma luz no fim do túnel se ascendeu
E ela ainda pode ouvir um ruído renitente.

Era o som de uma sirene
Com luzes pálidas
O vento frio, impiedoso e perene 
Que lhe soou triste e estridente 
Pela derrota da sua contemplação.

E agora ela se faz Joana
Amanhã finge ser Caetana
E quem sabe um dia será só ela
Ou mais ninguém.

Ela ainda anseia encontrar
Numa esquina 
Ou em qualquer lugar
O destino que lhe convém.

3 comentários:

  1. Resolvi revisitar meu blog e revi seus comentários. Passei aqui pra dar uma relembrada. Que texto fantástico!

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  2. Resolvi revisitar meu blog e revi seus comentários. Passei aqui pra dar uma relembrada. Que texto fantástico!

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  3. Obrigada Edurt.
    Já faz tempo que não escrevo, mas fico contente em saber que você ainda lembra deste espaço que tenho ainda tanto apreço.
    Um forte abraço!

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